segunda-feira, 19 de julho de 2010

Palavras ao vento...




Acordei com a brisa balançando minha janela..., bom saber que havia vento. Andava tão parado que até providenciei a instalação de um “ar-condicionado”. Besteira..., não pelo investimento, ou pelo retorno - adoro acordar com o frio, envolto no lençol, tremendo um pouco, buscando cegamente o controle para aumentar a temperatura para algo mais humano. Nasci para temperaturas frias, em um lugar muito quente - mas porque perdi o frescor do ar natural, os raios do sol e a vista da pequena floresta que se esconde na selva de pedra ao meu redor. Não me ressinto do calor, mas um pouco da paisagem.


Hoje sonhei em ser feliz. Existe algo mais abstrato? Felicidade..., uma busca quotidiana por algo fisicamente intangível. Alguém me disse que não existe felicidade, que não podemos SER felizes, mas sim existem momentos felizes e, que por isso, podemos ESTAR felizes. Pois bem, enxergo algum sentido nessa afirmação. Se ser feliz fosse uma condição perene, ao invés de um estado intermitente, no decurso da vida não seríamos tantas vezes interpelados (em sua maioria, por nós mesmos) se estamos felizes ou não.


Ontem assisti, mais uma vez, um trecho do filme “Em busca da felicidade”. Na verdade, vi um retrato assustadoramente real (no âmbito fictício do mundo cinematográfico) do quão abstrato e intangível é a felicidade. No ideário comum, assim como no meu, casar-se não apenas faz parte da felicidade, como é um dos pilares centrais para a construção dessa. Como podemos ter como um pilar da felicidade a inclusão de um ser antígeno para nosso sistema imunológico e não esperar uma reação?


Um ser com todas as suas peculiaridades não aceitaria viver em uma realidade criada, através dos anos, por outro completamente diferente. Pois é, os leucócitos (nossos desejos) com certeza combaterão os desejos dessa nova substância. Esperar uma compatibilidade imediata, ou até mesmo futura, porém completa, é mergulhar do céu da inocência sem o pára-quedas da sensatez. Podemos então discernir que, para alicerçarmos a nossa felicidade, temos de abrir mão de parte dela, como um jogador de futebol que, para ter a liberdade de jogar pelo time de coração (no período de um ano,por empréstimo), prolonga seu vínculo por 2 anos, com o clube que o detém (e o aprisiona, burocraticamente).


Percebo então, que, na maioria de meus momentos, mesmo na busca dessa tal felicidade, encontro-me satisfeito com o que tenho, com o modo como vivo, um pouco menos com meu relacionamento com as pessoas a minha volta, mas, de modo geral, tenho mais regozijos do que queixas.


Posso me considerar feliz, quando dependo apenas de mim? Posso bastar-me? Pois assim, dificilmente aceitarei a conjectura de “momentos felizes”. Todavia, tal e qual um autista frustrado, percebo que não consigo afugentar as relações humanas que me entristecem do meu convívio.


Assim, concluo, sou sim feliz, no que diz respeito a mim mesmo, contudo, estou ou não feliz, quando dependo das relações humanas.

Ps.: O fato de a felicidade depender de outrem não me deixa feliz, hehe.
Ps2.: Esse texto é ficção, não retrata a vida do autor, hehe.

3 comentários:

  1. Profundo....
    Pois é, dependermos de outrem é indispensável, afinal, não sentimos frio na barriga, ou coração palpitar por nós mesmos, não é ? Uma segunda pessoa, é necessário para termos um abraço apertado, e um beijo gostoso...
    Tuuudo de bom !!!! Nem me importo de depender de quem me quer de verdade; Me amo acima de tudo e sei que com, ou sem esta pessoa, continuo sendo especial, entende !!!
    Te gosto, pessoa linda ....
    Bjs no coração e na alma !

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Que texto lindo. Retrata muito bem a diferença entre estar e ser feliz.
    Felicidade é um sentimento muito complexo, por sua simplicidade, de ser entendido. O que mais nos resta, a não ser deixar-se envolver por tão maravilhosa sensação, a de sentir felicidade?
    Ótimas palavras as suas.

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